...sobre milícias boas e ruins

Posted by Vinicius_Andrade | Posted on 17:50

Me lembro que minha mãe ficava preocupada quando eu, aos 13, 14, ouvia o álbum Kill'em all, do Mettalica, sem parar, doidamente, alucinadamente, adolescentemente. E a pobre mulher achava que a partir dali eu seria alguém pouco digno, um drogadito, um lesado, um gordo viciado em comida, um ansioso, um negligente, um traidor, um blefe, um homossexual enrustido, um miserável convicto, ou seja... parte influente na escória humana. Não a culpo... Alguém que balança a cabeça ao ouvir músicas como essa aqui, ó não demonstra mesmo sinais evidentes do brilhantismo almejado por aqueles que professam amor familiar por mim, por você... enfim, seus pais, parentes.

Pobre mulher, certa vez, pegou a capa do cd e, espantada, exclamou mezo-alto o nome de uma das músicas: "Metal Militia, meu filho? pô..." (esse 'pô' refere-se a uma exclamação idosa, advinda do vocabulário inerente a uma geração anterior à minha, nascida no mesmo século, é verdade, mas crescida e fundamentada teórica e comportamentalmente em era social e tecnologicamente tão distante que pode confundir as cabeças dos mais recentes). Enfim, o que sentia a minha progenitora ao ler o título da canção era uma eminente preocupação com o que viria a influir no meu caráter uma música de trash metal que evocasse, à ideia dela, milícias, violência... tudo isso embalado por um péssimo gosto musical, diga-se.

Oh, mulher infiel ao Deus Metal!!! É uma pena que não aprecie todo furor do trash metal californiano dos anos 80 do último século. Não há que se enculturar alguém em um ambiente ao qual não é habitué. E dona mummy, certamente, não é e nunca será habituée de gêneros musicais que não os compreendidos entre Raimundo Fagner e outros populares e muitos clássicos. O compreendimento humano é limitado e imprevisível. Não é bonito estimulá-lo para o que convém. Logo, este que vos fala sofria com as críticas completamente fundamentadas, caçoava, por vezes, mas permanecia no erro da petulância adolescente.

Porém, não há como não tentar enculturar meus dois leitores com relação a um tema específico. Que é a chance real de violência, não a evocação. Evocar, semi-suscitar e pseudo-fazer-alusão-a é divertido, pode servir para sentir-se real e existente e explica o sucesso de muitos ritos espiritualistas e, mais gostosamente, artísticos. O que não é legal, não faz sentido e não é nada bonito é a real Metal Militia. A do Rio de Janeiro. A que está prestes a tomar posse de tudo que me é de direito, principalmente o meu direito de ter posse... posse da minha vida. Veja aqui, ó a quantidade de filhas das pootas que se organizam em verdadeiras milícias, não as bobinhas do heavy metal, que não fazem mal a uma mosca.

Fico pootow com a quantidade de babacas que necessitam de atenção e de usar energia vital, criatividade e principalmente tempo em fazer o mal do outro. São semi-gentes o que meu amigo Seródio chama de "pau-molão". São caras e caras que se multiplicam exponencialmente em prol da malfazência alheia. Na minha cidade querem fazer-me crer que a violência e o terror não cresceu, não está perto, não é vizinho. E como essa cidade é 10x maior que Paris, é crível, porém não vero. Pô, como diz dona mummy, vai enganar outro trouxa, pois esse aqui é lido e escrevido, seus pootous! Desesperançosamente falando, eu acho que tá enfodecendo a situação no Rio. E não tá enfodecendo porque está piorando, ficando mais violento, mais cruel, mais Metal Militia, tá enfodecendo porque simplesmente não se altera nada...

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