...sobre Tiriricas, Islândias e Arnolds

Posted by Vinicius_Andrade | Posted on 14:12

Gente, peraí! Calma, poha! Para de falar um pouquinho, um minuto sequer, vai. Pensa, caceta! Não entra no redemoinho catártico que é a burrice humana medíocre não!

Parou?

Então tá... deixa eu expor minha linha de raciocínio aqui. Goste ou não, peço que leia.

Há muito sendo dito sobre os resultados parciais das pesquisas eleitorais no país. É que aqui (em SP, principalmente), um palhaço provavelmente analfabeto, que fez fama em 1996 com uma música irritante e repetitiva, porém grudenta, lidera as pesquisas de intenções de votos para o cargo de deputado federal. Ou seja, o carinha que vai pra Brasília pensar a condição de São Paulo para o país, cobrar investimentos, propor e tentar construir, é um ser desta categoria: um despreparado.

Quem já leu textos anteriores sabe da minha opinião acerca do povo brasileiro e da relação que a economia emergente tem em relação a isso: pra mim, somos um país rico, que come carne e frango, que viaja de avião, que tem crédito, que compra TVs LCD, mas que não tem cultura. Um país rico, porém, analfabeto. Tal qual o palhaço Tiririca. A campanha dele, dizem, é rica. Mas ontem, por todo o dia, comecei a lembrar que outros ricos, ou seja, países ricos de dinheiro e de cultura, também têm colocado em postos importantes pessoas consideradas despreparadas.

Na Califórnia, o governator Arnold Schwarznegger tem índices de popularidade altos e, dizem amigos que moram por lá, tem sido progressista e aberto ao diálogo. Mesmo sendo republicano e comandando um estado democrata, dizem os chegados, ele tá se sustentando bem no velho oeste. Na capital da Islândia, Reikjavik, o prefeito era um comediante de rádio, uma espécie de 'passador de trotes', sei lá... algo que não imagino. Se alguém for especialista no humor islandês, por favor, cite fontes... O cara se elegeu satirizando as campanhas dos outros, não propondo absolutamente nada, mas satirizando o modelo vigente.

A Islândia está entre os maiores IDH's do mundo. Tem péssimo nível no futebol, é verdade, mas seu povo é considerado dos mais avançados no planeta. Assim como também é a Itália, berço de tanta coisa que reverenciamos até hoje. Lá eles têm o tio Silvio Berlusconi, cada vez mais poderoso, cada vez mais promíscuo... E tem também o Hugo Chávez, os malucos da África, os gays, os verdes, as mulheres, os pacifistas, os bélicos. Alguns no lugar certo, outros em ambientes adversos. Mas todos ganhando seu espaço. Não há mais, nesta Terra, Winston Churchill.

Não acredito que teremos daqui pra frente políticos ou líderes que futuramente fiquem postos em patamares de ícones, cujas citações entrem em livros. Até porque, tudo é tão dinâmico que não há mais paciência para isso. Papo digital influenciando a humanidade, porém, é fugir do tema, eu ganharia nota baixa na redação do colégio... Então tento me ater ao tema original: WTF está acontecendo com o mundo? Será que estamos colocando no poder pessoas com as quais nos identificamos, em vez daqueles que idealizamos sempre como sendo os melhores e mais preparados para guiar a nossa vida?

Será que é de pessoas comuns que o mundo precisa, e não de pensadores? Até porque, não é um fenômeno brazuca. É coisa que passa no mundo todo! Será decepção com o panorama que está aí no tabuleiro? Será que estamos nos desglobalizando, ou seja, trazendo ao poder, à tona, ao comando, gente da gente. O síndico do bairro, o que fala com o mesmo sotaque que a gente, o que faz as piadas que entendemos, o que tampouco sabe ler e escrever, como nós. Estará acontecendo, no cenário político mundial, um fenômeno político que poderíamos chamar de aldeia global às avessas?

Comments (1)

Esse fenômeno não é tão novo assim, é que brasileiro tem pouca memória. O problema mundial não é voto. Na verdade, ninguém sabe votar mesmo, nenhum país sempre elegeu os mais notáveis pensadores políticos das suas gerações. A questão é cultural. O país mais rico do mundo elegeu o Bush. A França é evoluída, mas votou no Sarkozy e deu muitos votos para o Le Pen. O problema é o presidente? Acho que não. Pra mim, o problema é a pressão popular. Essa galera sabe que tem gente no pé deles o tempo todo. Claro que eles fazem merda, mas eles são obrigados a maneirar porque senão a galera cai dentro. Enquanto o Arnoldão estiver agradando a população, não interessa muito a capacidade intelectual dele. Só que lá o pessoal quer realmente saber o que ele ta fazendo. Aqui, o Tiririca vai ficar lá encostado e ninguém vai lembrar mais dele.

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