Todo assunto é pouco...

uns caras morrem aos 27 por conta dos exageros etílicos, narcóticos, luxuriosos, religiosos, psicológicos, harmônicos, paranormais... são caras que deixam a existência humana, entraram na história, viraram alguém na posteridade, são agora frutos de estudos, da imaginação... um deles era isso tudo aos 27, continua sendo, mas ainda está vivo. e bem vivo. é 'sir', é britânico, tenor, hundred per cent vegan, canhoto, baixista, 68 anos, torcedor do Everton FC, casou-se duas vezes, viúvo, integrante de uma famosa e influente banda, educado, inteligente. Um senhor distinto, bem-sucedido e rico. Talvez feliz. Um lord, nos dois sentidos. Este senhor esteve cá no Brasil por esses dias, fez três shows que lotaram estádios de futebol e, hoje de manhã, dia 23 de novembro, passeava de bicicleta após 3 horas seguidas de show. Pessoas como este senhor não se fazem mais, ou são uma clara demonstração de como a nossa sociedade é romântica, de como ela reverencia personagens de outras gerações. Este aí, no entanto, é digno de reverência, como tantos outros de sua geração. Por um simples motivo: ele não para, não faz pausa, continua criando, não atrasa em shows, não se degrada, não vende sua imagem, vende sua arte. Ele, como os caras do Rush e tantos outros que tocam por três horas seguidas, sem atraso, sem paradinha pra dar um teco e que continuam excelentes como produtos comerciais e como artistas, é isso que não existe mais. Ou você é arte, ou é produto atualmente. Esse velhinho aí é os dois e de qualidade. Não sei dizer se ele é alta cultura, não vou me meter a besta e dizer que o que ele faz é simples e não deve ser bem qualificado, mas, indubitavelmente, Paul é um produto artístico raro, artigo que não existe nos tempos atuais.