Todo assunto é pouco...

Eu ontem não consegui sair de casa à noite. Não que quisesse, mas eu simplesmente estava incapacitado de sair por conta da incapacidade da minha cidade em aguentar uma chuva forte. A portaria do meu edifício estava alagada. A rua onde eu moro estava alagada. O bairro onde eu moro e as adjacências, os bairros vizinhos, estavam alagados. As lojas onde costumo fazer compras, todas fechadas ou com tanta água que impossibilitasse o trânsito dentro delas. Se eu quisesse pedir algo por telefone, não conseguiria, pois, a não ser que o comerciante dispusesse de barco, bote ou jangada, seu entregador não teria a menor condição de enfrentar a correnteza que se fez mar ontem, ante minha residência. Tudo era feio, triste e desesperador, não fosse eu um neo-zen que não liga mais pra poha nenhuma, just keep on living e escrevendo about it here, please, let me be! Aí, manos brous, vai que uma velha passa mal, precisa de um remédio, cai de maduro, tem caganeira? Comofas? Quem acode? Quem é machão de sair na água cheia de leptospirose, quem tem coragem de sair de casa e enfrentar o inferno? Eu fico me perguntando se, nestas horas, nesta situação calamitosa, o que fazer. Processar o Estado, pela falta de condições proporcionadas a mim e aos tantos velhinhos suscetíveis à iminente morte que moram no meu prédio? Processar a sociedade, se é que isso é possível, pela falta de educação residente no ato do arremesso de detrito, lixo, cocô, camisinha, boneca, porcaria, comida, pneu e pá pelos rios, pelas valas, pelos esgotos? Processar o estado por não dar educação aos mal-educados? Processar? Chorar? Reclamar? Criar um blog? Tuitá? Rezar? Criar uma associação de reclamões, chorões, processões, blogões, tuitões?